Chico Xavier, em diversas ocasiões, chamou a atenção para que o
movimento espírita fugisse da elitização. Creio que o médium de Uberaba
tinha suas razões para abordar o tema. Doutrina de livre pensamento, tem
se caracterizado, entre os seus seguidores, por penetrar nas classes
mais aquinhoadas de formação intelectual. Até aí, natural. No entanto,
necessitamos observar que, ante o ensinamento contido no Evangelho
segundo o espiritismo - missão do homem inteligente na Terra, somos
chamados a buscar o povo simples, ofertando a ele, o tesouro de
conhecimento espiritual que promove o pensamento espírita. É verdade que
a grande maioria dos centros espíritas desenvolvem louvável trabalho de
amparo social junto à comunidades carentes. Alem disso, imprescindível
que interajamos com o povo simples e não apenas sob a ótica de que eles
são os assistidos da casa. Na linguagem próxima a realidade dele - do
povo simples - entregar-lhes a luz do esclarecimento.
Trazemos atavismos potentes em nosso ser. E podemos repetir, com
naturalidade, equívocos que estão registrados na história da
cristandade. A pompa das igrejas e o intelectualismo gerando a presunção
de donos da verdade, junto às facilidades do poder temporal, foram
cantos de sereia que desvitalizaram a substanciosa mensagem do Senhor. A
elitização já desencadeou a anemia do cristianismo ao longo da
história. Não podemos repetir isso. É verdade que as igrejas evangélicas
vão até as comunidades carentes. Mas, com todo o respeito que nos
merecem ante o trabalho de amparo e sustentação da fé entre os corações
simples, não conseguem oferecer o conteúdo dos primeiros tempos do
evangelho, embora, repito, venham beneficiando milhões de vidas. Falo do
espiritismo. Falo do nosso movimento. Existe um espaço de facilidades
para que nos afastemos da linguagem simples e dos corações menos
aquinhoados de conhecimento escolar, favorecendo a preocupação exarada,
em diversos momentos, pelo Chico, concernente a evitarmos a elitização.
"Jesus veio para o povo", dizia o médium mineiro, com a autoridade
que lhe era peculiar. Verdade que todos conhecemos mas não custa nada
recordar. Ele andava em meio ao povo doente, velhos e crianças pobres,
mulheres e homens rejeitados, estigmatizados e falava-lhes do amor de
Deus, da consolação e da renovação de suas vidas. Reservava alguns
momentos durante a noite, sobretudo, para um contato mais íntimo com os
apóstolos, no entanto, com o povo estava Ele frequentemente.
Vale pensarmos nisso detidamente, não ?
Por Frederico Menezes
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